segunda-feira, 7 de julho de 2008

50 depois que leituras sobre a eleições de Humberto Delgado

Não imaginamos melhor forma de terminar o ciclo de conferências sobre «Lisboa e História» que a nossa sessão dedicada aos 50 anos da eleição presidencial de 1958, onde o Genaral Humberto Delgado afrontou, com uma coragem raramente repetida, o regime datado e autoritário do Estado Novo.
Na sessão estiveram a Maria Antónia Palla, o Frederico Delgado Rosa e o Fernando Rosas. Maria Antónia Palla apresentou uma reportagem emotiva sobre os ultimos dias de Humberto Delgado e da sua secretaria Arajaryr Campos (numa apresentação muito dedicada a esta pouco recordada brasileira). Seguiu-se Frederico Delgado Rosa, biógrafo de Humberto Delgado, que numa apresentação bastante informal nos colocou perante o lado humano do general sem medo. Finalmente Fernando Rosas terminou as apresentação com uma brilhante lição de História Contemporanea dedicada aos anos 50 e com passagens pelas diversas fases do Estado Novo.
O debate foi muito concorrido e de qualidade bem acima da média.
Esta sessao termina o nosso ciclo de conferencias sobre Lisboa e História, onde percorremos as memórias do Regicidio e de Humberto Delgado simultaneamente com visões contemporaneas da cidade, como foram as apresentadas por Rui Tavares, Raquel Freire, Fernanda Câncio e Luis Miguel Pais Antunes.

Como hábito, deixamos para vossa escuta as intervenções.

Maria Antónia Palla


Frederico Delgado Rosa


Fernando Rosas

terça-feira, 29 de abril de 2008

A Lisboa de... Raquel Freire e Fernanda Câncio

Ontem tivémos a oportunidade de, uma vez mais, de assistir a uma excelente sessão de exposição, troca de ideias e de debate; desta feita em torno da Lisboa da Raquel Freire e da Fernanda Câncio.

Assistimos a duas intervenções bem intimistas, bem pessoais, que nos transportaram para a Lisboa artista, activista, militante. Ambas as oradoras fizeram-nos percorrer as ruas do Bairro Alto dos anos 80 à actualidade.

A Lisboa de… Raquel Freire e Fernanda Câncio,

Como sabem, no seguimento do sucesso do I Curso de História do El Corte Inglês, decidimos continuar a aventura por temas da nossa História Contemporânea. A nossa nova proposta sugere uma reflexão em torno de duas datas-evento e a cidade de Lisboa, local dos acontecimentos citados. Cinco sessões, intercruzadas com estórias de personagens com vida na cidade, balizadas pelo regicídio de Fevereiro de 1908 e pela eleição presidencial de Junho de 1958.
Nesta nossa iniciativa já seguimos as tramas do regicídio, onde percorremos com atenção as ruas do Terreiro do Paço e os ambientes da época. Nessa sessão fomos generosamente colocados sob os olhares da intimidade da família real, da oposição republicana e da situação monárquica. A sessão, que contou com a presença de Rui Ramos, António Ventura e Eduardo Nobre, transportou-nos para os inícios de novecentos onde, qual Gattopardo, nos foi permitido assistir à mudança que permitiu que tudo permanecesse igual
Depois, faz agora um mês, convidei-vos a conhecer a Lisboa do Rui Tavares. O Rui, no seu estilo intelectualmente apurado, colocou-nos sob a pele de muitos lisboetas deste e doutros séculos. Entre outros, recordam-se certamente do António José de Almeida, o nosso judeu português abrazileirado (ou brasileiro aportuguesado) que nos acompanhou pelas ruas da Lisboa pré-terramoto, através das suas peças e dos seus quotidianos. O Rui escolheu esta personagem, morto pela inquisição, como elo entre a Lisboa e Ontem e a Lisboa de Hoje, afinal duas cidades unidas pela Cultura.
É a cidade de Lisboa que vive estes acontecimentos. De forma intensa e emotiva. São muitos os olhos que registam este factos. Os protagonismos hierarquizam-se. Transeuntes desprevenidos oferecem a moldura humana que pinta as ruas da História. Estrangeiros, estrangeirados, alfacinhas, lisboetas. Todos pululam nas ruas da cidade, vivendo e inscrevendo pedaços de memória nos cantos e recantos da capital. O Rei, Delgado, ou o assumido anónimo são apenas personagens de grau diferenciado na teatralidade de Lisboa; Cidade de intensa atracção.
Muitos chegam sem nada. Muitos partem com o nada com que chegaram. Outros aqui ficam; aqui vivem; aqui fazem a sua história. Passam de incógnitos a conhecidos; de conhecidos a actores de destaque. E o que eram apenas estórias de quotidianos discretos são agora eventos noticiados. Que registo tem o impacto individual da Cidade nas vidas de quem atravessa este processo? Que reflexão é construída? Como se inscreve a cidade nas suas estórias?
É neste registo que se encontram as nossas convidadas. Duas estrangeiras, estrangeiradas, adoptadas. Duas mulheres de acção e reflexão. Duas lisboetas intensas, de lastro e de inscrição. A Raquel Freire e a Fernanda Câncio.

CV RAQUEL FREIRE
CV FERNANDA CÂNCIO

Conheci a Raquel em plena campanha para o Referendo da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, nos finais de 2006, e rapidamente desenvolvemos uma empatia natural, que perdura e se cimenta. Partilhamos a vontade de transformar mentalidades e acreditamos que a política activa – não necessariamente partidária – pode apresentar resultados.
Depois mantivemos contacto, com regularidade. Fomos acompanhando os projectos entretanto desenvolvidos, trocando ideias sobre alguns futuros, e planeando o dia onde em Portugal a igualdade perante a Lei seja uma realidade para todos, independente da nossa raça, género, religião, ou orientação sexual.
Porque é que o acesso ao acto consagrador do amor só deve ser permitido a quem se assume heterossexual? É o Mundo, hoje, assim tão monoculor? Já não aceitámos a liberdade individual como peça estruturante das sociedades modernas? Para quando a consagração da Igualdade Legal Plena?
Há, de facto, muito que fazer.
Eu e a Raquel compartilhamos o vício da pró-actividade, da positividade da acção e da intervenção social. Julgamos que a mudança é possível e que depende apenas de nós.
A Fernanda Câncio conhecia-a através da Raquel. Já a conhecia publicamente, através do seu trabalho de jornalista e, mais tarde, através da sua participação na campanha de 2007. É, pois, daquelas pessoas que antes de a conhecer já a conhecia, primeiro a sua persona pública, depois na amiga da amiga.
A Fernanda impressiona pela simplicidade directa da sua escrita, pelo activismo permanente, e pela constante atenção ao pormenor e ao caso específico (tantas vezes desprezado nas estatísticas). Não se esquiva da polémica nem gere tacticamente uma promissora carreira de «opinion maker» ou de intelectual público. É, acima de tudo Jornalista de Reportagem, e por isso reporta o que lhe parece incorrecto, o que a confunde socialmente, e o que lhe merece a reflexão.
Percebem desta apresentação que, quando enderecei o meu convite a estas duas senhoras, procurava para esta sessão apresentar-vos a Lisboa Activista, a Lisboa Militante. No entanto, pobre ficaria a nossa sessão se não explorássemos outras facetas das nossas convidadas.
Da Fernanda Câncio descobri, recentemente, a activista lisboeta. Descobri com grande agrado um testemunho velhinho de uma noite na Cachupa, na casa do senhor Victor, onde no meio de cervejas e de cigarros a pergunta geralmente era: «com ou sem?» (ovo entenda-se). Eu geralmente servia-me da dose completa (cachupa com ovo + 1 frango).
Anos mais tarde a Fernanda escrevia que Não se consegue explicar uma cidade. E que Só tens uma cidade – e és tu que escolhes, nada disso do lugar em que nasci, nada disso das raízes, não é uma mãe ou um pai, é um amor, uma união de facto, um casamento.
Adiante, no mesmo texto, acrescentava:
Podem dizer-te, podes dizer-me que a cidade são praças e ruas e avenidas, luzes e equipamentos – escolas, hospitais, teatros, cinemas, livrarias, bibliotecas, empregos, restaurantes, bares, jardins, parques, esplanadas. Há centros comerciais que têm quase isso tudo. São cidades?
Esta atitude mais reflexiva assume-se mais interventiva em textos mais recentes, nomeadamente quando tece duras críticas à proposta de Maria José Nogueira Pinto para a Baixa-Chiado (aqui insurgindo-se com a falta de conteúdo humano numa proposta demasiado técnica e política); e quando peremptoriamente afirma, num texto recente intitulado «Nova Lisboa», que as notícias da morte desta cidade podem ter sido muito exageradas.
A Raquel, aparte da activista e da militante social é também realizadora e cineasta, escritora e performer, com intervenção directa nessas áreas. Desta forma queria ainda conhecer a sua Lisboa criativa, a Lisboa dos seus Artistas, a Lisboa das suas vanguardas culturais. Sei que ela grava em lentes diferentes a luz humana desta cidade, como que fosse munida de meios privilegiados que retiram das ruas da nossa Lisboa uma luminosidade diferente.
Vêem assim que os meus propósitos, nesta sessão, passam pela vontade de explorar a Lisboa Criativa, a Lisboa Jornalista, a Lisboa Underground e a Lisboa activista. Ela Existe? Por onde se anda nestas Lisboas?
Por fim, ter a oportunidade de poder conversar com duas jovens mulheres, activa,s obriga a deixar a provocação: «há uma Lisboa no Feminino?»
Vamos ouvi-las:

Raquel Freire





Fernanda Câncio


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dia 28 de Abril

É já na próxima segunda-feira, dia 28 de Abril, que iremos receber a Raquel Freire e a Fernanda Câncio em mais uma sessão do ciclo de conferências que estamos a organizar em torno da cidade de Lisboa.
Depois do Regicídio e da Lisboa do... Rui Tavares, vamos ter a oportunidade de deambular na Lisboa destas duas jovens mulheres, ambas lisboetas de adopção, activas de diversas causas.
Que Lisboa terão elas para partilhar connosco?
Venham ouvi-las ao vivo e em directo no 7º piso do El Corte Inglês, ou no gravado e em diferido no blogue de apoio àas conferências (aqui).
Lá vos espero.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Lisboa de Rui Tavares

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Da data-evento à reflexão íntima da relação com espaço urbano.

Cinco conferências em torno de Lisboa, do Regicídio e de uma eleição presidencial.

No seguimento do sucesso do I Curso de História do El Corte Inglês, que tão elevado interesse despertou, decidimos continuar a aventura por temas da nossa história contemporânea.

A nossa nova proposta propõe uma reflexão em torno de duas datas-eventos - o regicídio e a eleição presidencial de 1958, a de Humberto Delgado – e a cidade de Lisboa, local dos acontecimentos citados. Cinco sessões, entre Fevereiro e Junho, balizadas pelos eventos históricos, intercruzadas com estórias de personagens com vida na cidade.

A 1 de Fevereiro de 1908 de 2008 perfaz 100 anos que o Rei Dom Carlos e o Príncipe Dom Luis Filipe eram assassinados. Os regicidas, Manuel Buiça e Alfredo Costa, são também mortos no local. O evento, de grande significado, é determinante na definição da nossa contemporaneidade, assumindo-se como um passo decisivo para o findar do regime monárquico português. Os acontecimentos têm como pano de fundo o Tejo, e no Terreiro do Paço são centenas as testemunhas incógnitas que, incautas, a tudo assistem.
100 anos nos separam deste evento.

A 8 de Junho de 1958 o General Humberto Delgado confronta o regime autoritário português nas urnas. A sua intervenção num café da capital mobilizou o país semeou o pânico num regime já datado e uma expressão - «obviamente demito-o» - bastou para que o Estado Novo tremesse. A euforia inicial ainda possibilitou a apoteótica romaria à cidade do Porto; mas a rápida reacção do regime impediria inconvenientes repetições, nomeadamente a marcada para a cidade de Lisboa. A mensagem de esperança que invadiu o imaginário colectivo português, protagonizada pelo «General sem medo», obrigou o regime a cortar, novamente, a válvula da Liberdade, que por momentos expelira uma brisa de mudança. Essa Esperança esfumar-se-ia na fraude e na repressão que se seguirá.

Só 50 anos nos separam deste evento.

É a cidade de Lisboa que vive estes acontecimentos. De forma intensa e emotiva. São muitos os olhos que registam estes factos. Os protagonismos hierarquizam-se. Transeuntes desprevenidos oferecem a moldura humana que pinta as ruas da História. Estrangeiros, estrangeirados, alfacinhas, lisboetas. Todos pululam nas ruas da cidade, vivendo e inscrevendo pedaços de memória nos cantos e recantos da capital. O Rei, Delgado, ou o assumido anónimo são apenas personagens de grau diferenciado na teatralidade de Lisboa; cidade de intensa atracção.

Muitos chegam sem nada. Muitos partem com o nada com que chegaram. Outros aqui ficam; aqui vivem; aqui fazem a sua história. Passam de incógnitos a conhecidos; de conhecidos a actores de destaque. E o que eram apenas estórias de quotidianos discretos são agora eventos noticiados. Que registo tem o impacto individual da Cidade nas vidas de quem atravessa este processo? Que reflexão é construída? Como se inscreve a cidade nas suas estórias?

Preparámos, para este novo caminho, um conjunto de sessões que reunirá um conjunto de convidados de prestígio, gente de intervenção, numa dinâmica onde a interligação entre a academia, a política, a cultura é intencional, num ambiente que se quer inter-geracional, enérgico, vivo e propício ao debate e à reflexão informada e construtiva.

No final desta experiência esperamos ter contribuído para uma renovada reflexão e interpretação de duas «datas-evento» da História Contemporânea Portuguesa; e de ter fornecido, através do olhar dos nossos convidados, visões alternativas, complementares, da Cidade de Lisboa; palco de tanta História e tantas Estórias.

E hoje propomos deambular pela Lisboa de Rui Tavares.

A escolha do Rui justifica-se na vontade de transferir para a fala, para a musicalidade das palavras, a generosidade da sua escrita e a cultura da sua intervenção. O Rui tem uma característica, entre outras, que o tornam na personagem ideal para iniciar as nossas viagens pela Capital: a curiosidade. Curiosidade informada e pertinente, entenda-se.

É o que se lê no seu Currículo, nos seus escritos, nos seus ensaios, nas suas intervenções. E Lisboa, Capital do Império, Cidade de tantos pecados e de tantas estórias, interessa-lhe sobremaneira.

Depois, o Rui alia a estas valências um conhecimento profundo sobre a vida da Cidade, pelo menos desde o século XVIII; e o relato que partilha da Lisboa pré - 1755 é, já hoje, um escrito essencial para compreendermos o que fomos e no que nos tornámos.

Convidei também o Rui porque, penso, partilha comigo o «daydreaming» que regularmente ocorre ao visitante informado e abstraído.

Muitas vezes me perdi a olhar as ainda visíveis marcas do Reviralho Republicano contra a Ditadura Militar, primeiro, e contra o Estado Novo, depois. [Ainda são bem visíveis as marcas de Fevereiro de 27 ou de Agosto de 31, quer nos buracos de balas da Praça do Brasil (actual Largo do Rato, à entrada para a Rua da Escola Politécnica) ou na reconstrução do Jardim de São Pedro de Alcântara, bombardeado do outro lado da Avenida da Liberdade].

Também vos admito que, durante muitos anos, sempre na noite de 24 de Abril, percorri as ruas da Revolução dos Cravos. Praça do Comércio - António Maria Cardoso - Largo do Carmo. E muitas vezes «invadi» o Quartel da GNR, procurando colocar-me no trilho que a História palmilhou, apresentando-me, já em pleno século XXI, como actor actuante nessa História onde tantos de vós se envolveram.

É, então, como se vivesse esses acontecimentos convosco. Como se tivesse em mim a memória de tantos, e ela a inscrevesse na minha pele, qual colorida tatuagem permanente. Através destas imagens, agora também minhas, transporto-me com facilidade no Tempo, aproveitando a semelhança do Espaço.

Ainda recentemente, em pesquisa para um outro projecto, sobre o assassinato de Sidónio Pais, fui à inauguração do túnel do Rossio. Como sabem, o então Presidente da República foi assassinado à entrada da Estação, quando ia apanhar comboio para o Norte (penso que ia para o Porto).

Percorrer, noventa anos mais tarde, as mesmas pedras e calçadas dos intervenientes de 1918 impressiona; especialmente se nos colocarmos, por simples curiosidade, a reviver esses acontecimentos no mesmo Espaço. É arrepiante.

Muitos de vós já devem ter essa sensação ao passar hoje pelas arcadas do Terreiro do Paço e imaginarem os acontecimentos brutais de há 100 anos. Decerto que já terão sofrido deste processo de «daydreaming» que referia, e com certeza que o local deste evento se tornou bem mais colorido e visual. Quantos não imaginam o cheiro dessa tarde de Fevereiro? O tumultuar colectivo? O relinchar dos cavalos em stress, ou os gritos das mulheres em pranto?

Quantos de vós não se lembram, ainda, das barricadas do Machado Santos na Rotunda em vésperas da Republica? Ou quantos de vós não se lembram mesmo do cheiro a diesel das Chaimites em esforço a subirem ao Carmo?

É basto o caleidoscópio de memórias, nossas e dos outros, vividas ou apropriadas, que a Cidade de Lisboa nos oferece. A palete de emoções decorrente pode ser activada em demasiadas esquinas, ruas ou palacetes. Requeremos, para que tal aconteça, apenas de informação e de imaginação. Depois… é só deixar acontecer! Podem então ver como passo muitos dos meus dias.

Viajo entre a Lisboa-Liberal, do Chiado, novecentista, e a Lisboa Estadonovista, da Avenida de Roma, ou de Alvalade. E viajo apenas por 150 anos. O Rui viaja por mais de 3 séculos…

Vamos ouvi-lo.


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domingo, 30 de março de 2008

Sessão 2 - A Lisboa de... Rui Tavares


Como o tempo passa rápido...

É já amanhã que a segunda conferência deste nosso segundo ciclo de confereências tem lugar.

Em destaque a «Lisboa... de Rui Tavares».

Temos, como imaginam, grandes expectativas em ouvir o que o jovem historiador (e agora frequente comentador televisivo) tem para dizer da Cidade de Lisboa. Lembramos que o Rui, investigador do periodo iluminista, publicou em 2005 um importante livro acerca da Lisboa pré-pombalina onde, entre outras reflexões, nos transporta para essa Lisboa caótica, medieval e renascentista.

«Fechar os olhos e cheirar essa cidade» é um dos desafios que lhe fiz.

Devemos, no entanto, esperar ainda que a nossa conversa nos transposte das cidades passadas para Cidades do futuro, reflectindo não só sobre o que já fomos mas sobre o que queremos ser.

Espero mais uma excelente sessão, para a qual vos quero convidar a assistir.

Vai realizar-se amanhã, segunda-feira 31 de Março, pelas 19 horas no restaurante do 7º piso do El Corte Inglès.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sessão 1. Reflexões sobre a morte de um Rei. 100 anos depois do regicídio. Leituras de conjunto


Meus caros,

Devo vos dizer que fiquei bem impressionado com a sessão de hoje. Sabia que tinha corrido bem o I Curso de História Contemporânea do El Corte Inglés; de que as novas sessões suscitavam alguma curiosidade; agora ter uma sala completamente a rebentar pelas costuras... (houve necessidade de colocar mais cadeiras, e ainda assim houve quem se sentasse em mesas e balcões - a sessão foi no Restaurante - e ainda houve quem ficasse em pé...).
Não consigo imaginar melhor regresso a uma casa que tão bem me tem tratado...

As apresentações foram, como de costume, de qualidade impar.

O Eduardo Nobre, com um interessantíssimo apoio iconográfico, apresentou-nos a família real como poucos o conseguiam fazer. O Rui Ramos, que infelizmente não ficou para o debate, deambulou sobre o princípio do século XX, contextualizando-nos o ambiente de toda a trama. Por fim, o António Ventura apresentou-nos, também com alguma iconografia inédita, o Costa e o Buíça, os regicidas, também mortos a 1 de Fevereiro de 1908.

O debate foi animado.

Deixo-vos a gravação das apresentações, e lembro que a próxima sessão, «A Lisboa de... Rui Tavares», será no dia 31 de Março.



Espero comentários, críticas, sugestões.

Eduardo Nobre


Rui Ramos


António Ventura

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sessão 1. Reflexões sobre a morte de um Rei. 100 anos depois do regicídio. Leituras de conjunto


A 1 de Fevereiro de 1908 de 2008 perfaz 100 anos que o Rei Dom Carlos e o Príncipe Dom Luis Filipe eram assassinados. Os regicidas, Manuel Buiça e Alfredo Costa, são também mortos no local. O evento, de grande significado, é determinante na definição da nossa contemporaneidade, assumindo-se como um passo decisivo para o findar do regime monárquico português. Os acontecimentos têm como pano de fundo o Tejo, e no Terreiro do Paço são centenas as testemunhas incógnitas que, incautas, a tudo assistem.
100 anos nos separam deste evento.


Sessão 1. Reflexões sobre a morte de um Rei. 100 anos depois do regicídio. Leituras de conjunto

António Ventura

Eduardo Nobre

Rui Ramos

25 de Fevereiro às 19 horas

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Lisboa e a História


100 – 50 – Lisboa.
Da data-evento à reflexão íntima da relação com espaço urbano.
Cinco conferências em torno de Lisboa, do Regicídio e de uma eleição presidencial.

No seguimento do sucesso do I Curso de História do El Corte Inglês, que tão elevado interesse despertou, decidimos continuar a aventura por temas da nossa história contemporânea.
A nossa nova proposta propõe uma reflexão em torno de duas datas-eventos - o regicídio e a eleição presidencial de 1958, a de Humberto Delgado – e a cidade de Lisboa, local dos acontecimentos citados. Cinco sessões, entre Fevereiro e Junho, balizadas pelos eventos históricos, intercruzadas com estórias de personagens com vida na cidade.

A 1 de Fevereiro de 1908 de 2008 perfaz 100 anos que o Rei Dom Carlos e o Príncipe Dom Luis Filipe eram assassinados. Os regicidas, Manuel Buiça e Alfredo Costa, são também mortos no local. O evento, de grande significado, é determinante na definição da nossa contemporaneidade, assumindo-se como um passo decisivo para o findar do regime monárquico português. Os acontecimentos têm como pano de fundo o Tejo, e no Terreiro do Paço são centenas as testemunhas incógnitas que, incautas, a tudo assistem.
100 anos nos separam deste evento.

A 8 de Junho de 1958 o General Humberto Delgado confronta o regime autoritário português nas urnas. A sua intervenção num café da capital mobilizou o país semeou o pânico num regime já datado e uma expressão - «obviamente demito-o» - bastou para que o Estado Novo tremesse. A euforia inicial ainda possibilitou a apoteótica romaria à cidade do Porto; mas a rápida reacção do regime impediria inconvenientes repetições, nomeadamente a marcada para a cidade de Lisboa. A mensagem de esperança que invadiu o imaginário colectivo português, protagonizada pelo «General sem medo», obrigou o regime a cortar, novamente, a válvula da Liberdade, que por momentos expelira uma brisa de mudança. Essa Esperança esfumar-se-ia na fraude e na repressão que se seguirá.
Só 50 anos nos separam deste evento.

É a cidade de Lisboa que vive estes acontecimentos. De forma intensa e emotiva. São muitos os olhos que registam este factos. Os protagonismos hierarquizam-se. Transeuntes desprevenidos oferecem a moldura humana que pinta as ruas da História. Estrangeiros, estrangeirados, alfacinhas, lisboetas. Todos pululam nas ruas da cidade, vivendo e inscrevendo pedaços de memória nos cantos e recantos da capital. O Rei, Delgado, ou o assumido anónimo são apenas personagens de grau diferenciado na teatralidade de Lisboa; cidade de intensa atracção.

Muitos chegam sem nada. Muitos partem com o nada com que chegaram. Outros aqui ficam; aqui vivem; aqui fazem a sua história. Passam de incógnitos a conhecidos; de conhecidos a actores de destaque. E o que eram apenas estórias de quotidianos discretos são agora eventos noticiados. Que registo tem o impacto individual da Cidade nas vidas de quem atravessa este processo? Que reflexão é construída? Como se inscreve a cidade nas suas estórias?

Preparámos, para este novo caminho, um conjunto de sessões que reunirá um conjunto de convidados de prestígio, gente de intervenção, numa dinâmica onde a interligação entre a academia, a política, a cultura é intencional, num ambiente que se quer inter-geracional, enérgico, vivo e propício ao debate e à reflexão informada e construtiva.

No final desta experiência esperamos ter contribuído para uma renovada reflexão e interpretação de duas «datas-evento» da história contemporânea portuguesa; e de ter fornecido, através do olhar dos nossos convidados, visões alternativas, complementares, da Cidade de Lisboa; palco de tanta História e tantas Estórias.

É esta a nossa proposta:

Sessão 1. Reflexões sobre a morte de um Rei. 100 anos depois do regicídio. Leituras de conjunto
António Ventura
Eduardo Nobre
Rui Ramos
25 de Fevereiro

Sessão 2. A Lisboa de…

Rui Tavares
31 de Março

Sessão 3. A Lisboa de…

Fernanda Câncio e Raquel Freire
28 de Abril

Sessão 4. A Lisboa de…

Luis Miguel Pais Antunes e José Miguel Júdice
26 de Maio

Sessão 5. As eleições de 1958. 50 anos depois, que leituras?
Fernando Rosas
Frederico Delgado Rosa
Iva Delgado
Maria Antónia Palla
30 de Junho


Duração e Local das sessões
As sessões, com vagas limitadas, são gratuitas e requerem inscrição prévia.
Haverá cinco sessões, que terão lugar na Sala de Âmbito Cultural no Piso 7 do El Corte Inglês em Lisboa, pelas 19 horas.
Cada sessão é composta por duas partes de 1 hora, com intervalo.
As conferências são dirigidas por José Reis Santos.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Programa das Conferências «LIsboa e a História»

Sessão 1. Reflexões sobre a morte de um Rei. 100 anos depois do regicídio. Leituras de conjunto
António Ventura
Eduardo Nobre
Rui Ramos
25 de Fevereiro

Sessão 2. A Lisboa de…
Rui Tavares
31 de Março

Sessão 3. A Lisboa de…
Fernanda Câncio e Raquel Freire
28 de Abril

Sessão 4. A Lisboa de…
Luis Miguel Pais Antunes e José Miguel Júdice
26 de Maio

Sessão 5. As eleições de 1958. 50 anos depois, que leituras?
Fernando Rosas
Frederico Delgado Rosa
Iva Delgado
Maria Antónia Palla
30 de Junho